Desculpe, mas eu vou chorar, Argentina.
Desde 1976, o “Evita” me advertiu de que não deveria chorar pela Argentina. Madonna que me perdoe, mas tem um nó na garganta.
O atual cenário político da Argentina coloca-me com o lenço na mão. De início devo confessar que amo a argentina, não só pelas boas carnes, mas pelo denodo de seu povo. Por Carlos Gardel , pelo Francisco e até pelo Maradona.
Massa, atual candidato na Presidência da Argentina representa o Peronismo que não mais tem espaço na atualidade, mesmo que travestido.
Inexiste, cá no cone sul, folga para lideranças ditas carismáticas, num momento que não mais se constroem mitos como outrora. Seria como tentar ressuscitar o Getulismo.
Eles dominaram no passado pela forte mobilização popular, que geraram distanciamento das economias mundiais, plantando um nacionalismo exacerbado. Pregam a centralização do estado frente ao desenvolvimento econômico. O peronismo criou fortes programas assistenciais, que travestido de benesses geraram dependência do Estado, culto ao autoritarismo, polarização da política, divisão profunda na sociedade e corrupção.
O tudo ou o nada é que tange hoje a eleição dos vizinhos.
Só o tango une os portenhos, separados como estão. Eis que agora, momento de se distanciar do peronismo, para alçar a nova redenção, surge um ultradireita que mal sabe o que pensa, que desperta medo (ainda que curioso), mas que fatalmente inspira mais dúvida do que certeza e remete a um pulo no abismo, quando não se apresenta outra alternativa.
Discutir se peronismo é de direita ou é de esquerda, porque buscar fortalecer “mitos”, não tem mais cabimento nos dias atuais. Belchior já se queixava disso : “nossos ídolos ainda são os mesmos e… depois deles não apareceu mais ninguém”. É ultrapassado, é retrógrado. Tanto assim o é que o atual presidente o advogado Alberto Fernández se afastou da campanha. E o próprio Massa, o seu Delfim Neto, nada fez para mudar o cenário devastador da Argentina. Faria agora?
Faz-me lembrar Brizola na campanha de Collor x Lula “De um lado o diabo, de outro lado o coisa ruim”.
De sorte que num discurso ultrapassado, pesado, fatigado do peronismo surge um cabeludo despenteado, que nem ele próprio sabe o que quer, levando a um duelo mortal para os portenhos. É matar ou morrer. É Jedi contra Sith Lord.
Parece que a história latina ficou órfã. Não há fenômenos como mais Simon Bolivar , Quetzalcóatl, Eva Péron, Tupac Amaru II, Zapata e outros que (independentemente da fundamentacao ideológica) marcaram época. Eis que agora, estamos entre o nada e quase nada, na Argentina.
Entre o Peronismo e o Javier Milei, desculpe Argentina, mas eu vou chorar.
Juvenil Alves