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Na Argentina, o conformismo favorece o peronismo

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Os argentinos vão às urnas no próximo domingo com uma preocupação central: inflação. Só depois, aparecem corrupção, segurança, desemprego, educação, democracia e meio ambiente.

É compreensível. A erosão do poder de compra chega a níveis alarmantes. Dados mais recentes apontam inflação de 142,7% ao ano, com o país caminhando a passos largos para a hiperinflação.

Segundo a mais recente pesquisa Atlas Intel, 49% dos argentinos acreditam que o candidato oposicionista Javier Milei é o mais preparado para combater a inflação, contra 39% de Sergio Massa, o atual ministro da Economia, cujo governo tem uma desaprovação estrondosa.

É um cenário que indicaria uma vitória fácil de Milei, mas a eleição está equilibrada, com vantagem estreita para o libertário nas pesquisas. Além do jeito tresloucado do candidato, que vem sendo explorado pela campanha de Massa, conduzida por marqueteiros brasileiros, só o paradoxo argentino explica o que está ocorrendo.

Os argentinos apostam em Milei para combater a inflação, mas não concordam com sua principal proposta para dizimá-la. Conforme a Atlas, 51% são contra a dolarização. Muitos duvidam até que ele consiga implementá-la, já que falta moeda forte no País. Economistas alertam, inclusive, para o perigo de recessão.

Outra incongruência insolúvel do país: os argentinos dizem que são a favor do corte de gastos e que querem pagar menos impostos, mas se dividem sobre o fim dos subsídios às tarifas de serviços públicos, que custam muito ao Tesouro Nacional.

Os números apontam que 41% dos argentinos não acreditam que o Estado deveria regular o preço de bens e serviços, mas outros 38% acreditam que essa missão é, sim, do governo.

O receio do aumento do preço do gás, da energia e do transporte público, especialmente entre os mais pobres, é tão grande, que Milei foi obrigado a voltar atrás no último debate presidencial. A promessa de “acabar com os subsídios com a motosserra” ficou só na retórica.

Milei é populista e flerta com o autoritarismo, mas ganhou tração embalado num discurso de rejeição da política. É uma reedição do slogan “que se vayan todos” do início dos anos 2000.

O problema é a sua receita hiperliberal, que não leva em conta o custo político de ser colocada em prática toda de uma vez.

Os argentinos já estão acostumados a viver em crise econômica, o que gera um certo conformismo. A população mais pobre hoje depende dos subsídios para sobreviver. Se o remédio parecer pior que a doença, eles podem ceder ao medo e escolher a alternativa ruim que, pelo menos, já conhecem.

Com informações: Estadão

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