Nos últimos dois anos, os brasileiros têm efetuado retiradas recordes da poupança. Em 2023, essa modalidade de investimento registrou resgates líquidos de R$ 87,8 bilhões, marcando o segundo maior valor em toda a série histórica desde 1995. Apenas em 2022, com saques totalizando R$ 103,2 bilhões, a poupança experimentou um movimento mais significativo. Diversas pessoas viram-se obrigadas a utilizar parte de suas economias para quitar despesas, mas também houve quem optou por migrar para os fundos de renda fixa, os quais têm demonstrado ser mais rentáveis desde 2021.
No entanto, surge a indagação se a aplicação mais tradicional do país retomará sua atratividade e voltará a atrair grandes investimentos. Especialistas indicam que a poupança poderá se equiparar em rentabilidade aos títulos mais seguros de renda fixa somente em 2025, caso o ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, se mantenha em 2024 nos patamares observados nos últimos meses de 2023, conforme as expectativas do mercado.
Com taxas de juros mais baixas, a renda fixa apresenta menor rentabilidade. Além disso, devido à incidência de imposto de renda sobre esse tipo de investimento, variando de 15% a 22% dependendo do prazo de aplicação, os ganhos dos investidores tendem a se aproximar dos da caderneta de poupança em aproximadamente um ano, caso as projeções dos analistas se confirmem. Vale ressaltar que na poupança, os investidores estão isentos do imposto de renda.
O último boletim Focus do Banco Central estipula uma expectativa dos economistas para a Selic ao final de 2024 em 9% ao ano, após a taxa encerrar 2023 em 11,75% ao ano, consequência de cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual nas últimas quatro reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. No cenário atual, a renda fixa ainda supera a poupança em termos de rentabilidade.
A sócia da One Investimentos, Amanda Notini, esclarece que com a Selic a 11,75%, a poupança rende 0,57% ao mês, enquanto o tesouro selic, considerado o investimento mais seguro do país, rende 100% da taxa Selic. Mesmo descontando a alíquota máxima de IR de 22,5%, o rendimento mensal ainda se mantém acima da poupança, atingindo aproximadamente 0,72%.
Caso a tendência de queda na taxa básica de juros persista, a dinâmica da poupança mudará quando a Selic atingir 8,5% ao ano, aproximando os rendimentos da caderneta aos dos títulos de renda fixa. No entanto, mesmo nesse cenário, a poupança continuará a render menos.
A sócia da One Investimentos destaca a importância de compreender o funcionamento da poupança, explicando que quando a taxa Selic supera 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, acrescido da Taxa Referencial (TR). Quando a Selic fica abaixo ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic, mais a TR. Notini realiza um cálculo, indicando que, com a taxa básica de juros reduzida para 8,5% ao ano, a poupança renderia cerca de 6% ao ano, enquanto o Tesouro Selic renderia em média 6,58% ao ano, descontando a alíquota máxima de IR de 22,5%.
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