Encontrar alguém que nunca tenha adiado uma tarefa essencial para fazer outra coisa é uma situação rara. Geralmente, esse adiamento envolve a realização de atividades menos importantes, como verificar as atualizações nas redes sociais, conferir mensagens em aplicativos de mensagens, dar uma olhada nas notícias do dia, ou até mesmo se distrair com uma promoção que apareceu em um anúncio. Às vezes, pode até acontecer de comprar um livro novo sem ter terminado de ler o que já está na cabeceira da cama. Quem nunca passou por isso?
Muitas vezes, procrastinamos aguardando que a motivação reapareça para que possamos finalizar a tarefa essencial que deixamos de lado. Esse comportamento de deixar para depois é conhecido como procrastinação. É importante notar que a procrastinação não é exclusiva de atividades irrelevantes; às vezes, deixamos de lado tarefas realmente importantes. É quando adiamos repetidamente atividades essenciais sem sentir motivação para concluí-las. Embora a procrastinação por si só não seja considerada um transtorno mental, quando ocorre em excesso, pode ser um sinal de problemas de saúde mental.
Bianca Damacena, uma tradutora e revisora de 38 anos, é uma pessoa que lida com a procrastinação e está buscando ajuda através da terapia, uma vez que esse hábito está ligado às suas crises de ansiedade recorrentes. Ela relata que procrastina diariamente em relação a uma variedade de tarefas, incluindo trabalho e afazeres domésticos. Damacena descreve seu método de trabalho, onde divide suas tarefas em metas de tradução, muitas vezes adiando até o último momento, mesmo que pudesse entregá-las antes do prazo. Ela reconhece que esse padrão gera ansiedade e afeta outras áreas de sua vida.
Existem várias razões que podem levar uma pessoa a procrastinar. O psiquiatra Elton Kanomata explica que, em alguns casos, a procrastinação pode até ser benéfica, se resultar em uma melhoria na produtividade. No entanto, quando a procrastinação se torna um comportamento frequente e atrapalha a rotina de uma pessoa, pode ser um sinal de outros problemas de saúde mental, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), ansiedade generalizada ou depressão.
A procrastinação pode resultar em níveis mais elevados de estresse, ansiedade e sentimentos de culpa, o que pode levar ao adoecimento mental. Embora a procrastinação em si não seja uma doença, pode ser aconselhável procurar ajuda de um psicólogo quando esse comportamento se torna prejudicial e causa disfuncionalidade e sofrimento mental. Somente em casos graves, quando a procrastinação está associada a um transtorno mental, pode ser necessário tratamento farmacológico.
Bianca Damacena encontrou alívio para sua procrastinação e ansiedade através da terapia, que a ajudou a desenvolver técnicas para lidar com esses desafios. Embora não acredite que tenha se livrado completamente da procrastinação, ela conseguiu controlar sua ansiedade e aprender a administrar melhor suas tarefas.