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Quando o Nacionalismo Exacerbado se torna um risco para a democracia

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O nacionalismo, em sua forma equilibrada, pode ser um elemento positivo para a construção de uma identidade nacional e o fortalecimento da coesão social. No entanto, quando exacerbado e transformado em instrumento político, ele se torna uma ferramenta de dominação, justificação de abusos e manipulação das massas.

Líderes de esquerda e de direita, ao longo da história, recorreram ao nacionalismo exacerbado como estratégia para consolidar poder. Em suas campanhas, apropriam-se dos símbolos nacionais, fazem das cores da bandeira emblema de seus governos e promovem uma narrativa de “redenção nacional”. Esse fenômeno se repete ao longo do tempo e se manifesta claramente na segunda presidência de Donald Trump em 2025 e no governo de Viktor Orbán na Hungria.

O que podemos aprender com esses exemplos?

O nacionalismo como ferramenta do autoritarismo: o padrão da história

A história nos mostra como regimes totalitários, independentemente da ideologia, usam o nacionalismo como instrumento de poder e controle.

  • Hitler na Alemanha Nazista fez o nacionalismo a base da ideologia nazista, justificando perseguições, censura e guerras expansionistas.
  • Mussolini na Itália Fascista promoveu a ideia da “Grande Itália”, usando símbolos nacionais para mobilizar o povo e reprimir adversários.
  • Stalin na União Soviética, embora comunista, utilizou o nacionalismo para fortalecer seu regime, perseguindo opositores e incentivando um culto ao lider.
  • Franco na Espanha e Salazar em Portugal governaram sob a justificativa da “preservação dos valores nacionais”. reprimindo qualquer oposição sob o pretexto de defender a pátria.
  • As ditaduras militares na América Latina, como no Brasil, na Argentina e no Chile, usaram o nacionalismo como justificativa para golpes, censura e perseguições políticas.

O método é sempre o mesmo: exaltação nacionalista, culto à personalidade do líder, identificação de inimigos internos e externos, censura e manipulação das instituições.

Trump 2025: a nova face do nacionalismo autocrático nos EUA

Em seu segundo mandato, iniciado em 2025, Donald Trump intensificou a apropriação dos símbolos nacionais como forma de fortalecer seu controle sobre a sociedade americana.

  • Bandeiras, slogans e cores nacionais dominam sua comunicação: em todos os eventos oficiais, comícios e propagandas, Trump reforça a identidade de seu governo com os símbolos dos Estados Unidos. Sua nova campanha adotou o lema “América Victorious Again”, um desdobramento de seu antigo “Make America Great Again”.
  • Criação de inimigos internos e externos: assim como seu primento mandato, Trump continua demonizando imigrantes, opositores políticos, mídia tradicional e membros do próprio sistema judiciário que não se alinham às suas diretrizes.
  • Guerra contra a imprensa e as instituições democráticas: seu governo redobra os ataques contra veículos independentes, promovendo a descredibilização da mídia e incentivando sua base a confiar apenas em fontes controladas ou aliadas.
  • Culto à personalidade e retórica de salvador da pátria: Trump se apresenta como única liderança capaz de restaurar a “verdadeira Ámerica”, sugerindo que qualquer oposição a ele é um ataque ao país.

O mais preocupante é que, com o Congresso mais alinhado a suas políticas e a Suprema Corte conservado, seu governo tem mais margem para implementar medidas que enfraquecem a democracia americana.

Orbán e a Hungria: O modelo de Nacionalismo Autoritário na Europa

Se Trump encontra resistência institucional nos Estados Unidos, Viktor Orbán já consolidou na Hungria um governo nacionalista que fleta com o totalitarismo. Ele utiliza o nacionalismo como justificativa para um governo de controle absoluto:

  • Apropriação dos símbolos nacionais: seu governo utiliza as cores da bandeira da húngara em toda a comunicação oficial, criando a impressão de que oposição ao governo equivale a traição à pátria.
  • Controle da mídia e repressão à oposição: Orbán transformou a imprensa húngara em um braço do governo e alterou leis para dificultar a vitória de adversários políticos.
  • Nacionalismo étnico e xenofobia: seu governo promove a ideia de que a Hungria deve se proteger contra à imigração e a influência globalista, o que justificou sua política rígida contra refugiados e ataques constantes à União Europeia.
  • Reformas estruturais para perpetuação no poder: Orbán modificou leis eleitorais, reduziu a independência do judiciário e consolidou um governo que se mantém no poder com aparência democrática, mas métodos autoritários.

O caso húngaro mostra como o nacionalismo exacerbado pode corroer uma democracia por dentro, sem necessariamente precisar de um golpe de Estado.

A lógica do Nacionalismo como estratégia de poder.

Embora Trump e Orbán tenham suas diferenças, ambos seguem um padrão comum que pode ser encontrado em governos autoritários ao longo da história:

  • Apropriação dos símbolos nacionais: líderes nacionalistas extremistas sempre usam a bandeira, as cores do país e referências histórias como instrumentos de poder.
  • Criação de inimigos internos e externos: oposição política, imprensa, imigrantes, elites internacionais – sempre há um “inimigo” que ameaça a nação e justifica medidas repressivas.
  • Culto ao líder: o governante é apresentado como único capaz de “salvar” o país, transformando sua figura em um símbolo inquestionável
  • Desmonte institucional: as regras do jogo democrático são alteradas para favorecer o governo, seja por meio de mudanças judiciais, legislativas ou censura à oposição.

O nacionalismo extremista é, historicamente, um dos caminhos mais eficazes para a ascensão de regimes autoritários, pois usa a paixão pelo país pata justificar o ataque às liberdades individuais e à democracia.

Conclusão: O nacionalismo saudável ou risco autoritário?

A questão central não é se o nacionalismo é bom ou ruim em si, mas em que medida ele é usado para concentrar poder e atacar adversários políticos.

Governos nacionalistas moderados podem fortalecer um país. Mas, quando o nacionalismo é usado como ferramenta de dominação, tornando-se um pilar da retórica política, ele se transforma em um perigo para a democracia.

O caso de Trump em 2025, assim como Orbán na Hungria, mostra que líderes de diferentes espectros ideológicos usam o nacionalismo exacerbado para justificar medidas autoritárias. Seja na direita ou na esquerda, o perigo é o mesmo: quando o governo se apropria dos símbolos nacionais para minar a oposição e concentrar poder, a democracia entra em risco.

A história já nos mostrou esse padrão antes. Quantas vezes precisaremos vê-lo se repetir para aprendermos a lição?

Dr. Juvenil Alves

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