A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe declarações polêmicas e tensões diplomáticas que podem impactar o comércio internacional, especialmente com o Brasil. Em entrevista recente, Trump afirmou: “Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todo mundo precisa de nós.”
Tensões entre Trump e os BRICs
O Brasil, como membro dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), está no centro das preocupações de Trump. O grupo tem discutido a criação de uma moeda própria para transações, uma medida que visa reduzir a dependência do dólar.
Trump já ameaçou taxar produtos vindos dos BRICs em até 100%, sugerindo possíveis retaliações caso os países avancem com a ideia. Em sua declaração mais recente, Trump afirmou: “Se fizerem isso, não ficarão felizes com o que acontecerá.”
Essas tensões reforçam o desafio para o Brasil em manter relações equilibradas com os EUA, que são um dos seus principais parceiros comerciais.
O comércio bilateral Brasil-EUA em números
Os Estados Unidos são o segundo maior importador de produtos brasileiros, representando 11,97% das exportações do Brasil em 2024, cerca de US$ 40,3 bilhões. O Brasil exporta principalmente:
- Produtos agrícolas
- Minérios
- Petróleo
Por outro lado, o Brasil é dependente de produtos norte-americanos. Em 2024, as importações brasileiras somaram US$ 40,5 bilhões, gerando um déficit comercial de US$ 253 milhões. Entre os itens mais importados estão:
- Máquinas e motores não elétricos (15%)
- Petróleo (9,7%)
- Peças de aeronaves (4,9%)
A importância dos EUA para a indústria brasileira
Embora a participação dos EUA nas exportações brasileiras tenha caído de 24% em 2001 para 12% em 2024, os especialistas apontam que a diversificação proporcionada pelo mercado norte-americano é essencial para o desenvolvimento industrial do Brasil.
Lia Valls, pesquisadora da FGV, destaca que: “A relação comercial entre Brasil e EUA é de interdependência. O Brasil depende mais, mas os EUA também têm muito a perder.”
Riscos de um estranhamento diplomático
As políticas protecionistas de Trump, como as ameaças de aumentar tarifas sobre aço e alumínio brasileiros, reforçam os riscos de uma escalada nas tensões comerciais. Uma ruptura nas relações poderia causar:
- Redução nas exportações brasileiras, prejudicando setores como o agronegócio e a indústria.
- Aumento dos custos para os EUA, o que pressionaria a inflação e a economia interna norte-americana.
Perspectivas para o futuro
Apesar das declarações polêmicas de Trump, especialistas acreditam que a diplomacia brasileira tem condições de mitigar os impactos. Haroldo Silva, vice-presidente do Corecon-SP, afirma: “O pragmatismo será essencial para manter a estabilidade das relações comerciais.”
Além disso, tarifas mais altas nos EUA poderiam gerar pressões inflacionárias, obrigando o Federal Reserve a adotar políticas monetárias mais rígidas. Isso teria consequências negativas tanto para os Estados Unidos quanto para seus parceiros comerciais, incluindo o Brasil.
Embora Trump afirme que os Estados Unidos são independentes em termos comerciais, a realidade é que a relação Brasil-EUA é de interdependência. Para o Brasil, manter uma boa relação com os EUA é essencial para o desenvolvimento econômico e a estabilidade industrial.
No entanto, a escalada de tensões pode trazer desafios tanto para o Brasil quanto para os próprios Estados Unidos, destacando a importância de uma diplomacia habilidosa e pragmática para garantir a continuidade dessa parceria estratégica.
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